Os profissionais afirmam que seus nomes e números de registros aparecem em pesquisas sem que eles tenham participado de fato dos trabalhos
FRAUDE – Estatísticos afirmam que seus nomes e números registros estão vinculados a pesquisas eleitorais (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
DA REDAÇÃO
Pesquisas
eleitorais da campanha municipal de 2016 foram registradas com dados falsos de
estatísticos, segundo denunciam os próprios profissionais. Doris Fontes,
presidente do Conselho Regional de Estatística da 3.ª Região, afirma que nomes
e números de registro de filiados à entidade aparecem em levantamentos no site
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sem que eles tenham participado de fato
dos trabalhos. Ela própria teve seu nome utilizado em mais de 20 pesquisas
realizadas pela empresa Bom Dia Rio Preto Comunicações. “Nunca na minha vida
realizei pesquisa eleitoral”, ressaltou.
Outros
profissionais relatam situações semelhantes. Renata Nunes César, do instituto
Datafolha, afirma que seu nome e registro foram usados para o registro de uma
pesquisa na cidade de Campo Limpo, em Minas Gerais, pela empresa Diário Em Dia.
Ela afirmou nunca ter atuado em pesquisas fora do instituto em que trabalha.
Maria
Rita Lucas, do Instituto Statsoft, afirmou que seu instituto aparece nos
registros do TSE como autor de três pesquisas eleitorais, embora não trabalhe
com essa atividade. Além disso, os registros indicam o nome e número de um
estatístico que é ex-funcionário do Statsoft, André Willy Castro. Ele afirmou
que não realizou nenhuma das três pesquisas.
Exigência
O
TSE exige que toda pesquisa eleitoral seja registrada em seu site antes de
realizada, com os dados do contratante e do estatístico responsável. O
tribunal, porém, “não realiza qualquer controle prévio sobre o resultado das pesquisas”,
segundo informa seu site.
A
descoberta das fraudes se deu porque, nas eleições de 2016, o TSE passou a
permitir em seu site a consulta por nome e número de registro de estatísticos
responsáveis por pesquisas.
No
Maranhão, a empresa Ma+ Consultoria e Serviços usou dados falsos de um
estatístico em um levantamento na cidade de Formosa da Serra Negra. O dono da
empresa, Avenildo Aquino Pinto, foi preso por estelionato em março deste ano.
Ele é alvo de inquérito policial por ter dois CPFs.
Nos registros
do TSE, o nome do responsável pela pesquisa da Ma+ em Formosa da Serra Negra é
Lázaro Ramos de Andrade, com o número de registro profissional 7941 – esse
registro, porém, pertence a outro estatístico, Carlos Magno Machado, do Rio
Grande do Norte. A Ma+ registrou uma segunda pesquisa em nome de Lázaro Ramos
de Andrade, na cidade de Grajaú, no Maranhão, mas com outro número de registro
profissional.
O
proprietário da empresa Bom Dia Rio Preto, Kleber Moreira, negou que as
pesquisas tenham sido registradas sem o consentimento da estatística Doris
Fontes e afirmou que ela foi contratada de fato para a pesquisa. Já o
proprietário do Diário Em Dia, de Campo Belo, Richard Pereira, e a empresa Ma+
não responderam às ligações da reportagem.
(Com Estadão Conteúdo)
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